Thursday, April 12, 2007

É por estas e tantas outras, que és minha preferida, Cecília...


Canção


No desequilíbrio dos mares,

as proas giram sozinhas...

Numa das naves que afundaram

é que certamente tu vinhas.


Eu te esperei todos os séculos

sem desespero e sem desgosto,

e morri de infinitas mortes

guardando sempre o mesmo rosto.


Quando as ondas te carregaram

meu olhos, entre águas e areias,

cegaram como os das estátuas,

a tudo quanto existe alheias.


Minhas mãos pararam sobre o ar

e endureceram junto ao vento,

e perderam a cor que tinham

e a lembrança do movimento.


E o sorriso que eu te levava

desprendeu-se e caiu de mim:

e só talvez ele ainda viva

dentro destas águas sem fim.


Cecília Meireles

2 comments:

Anonymous said...

Li uma mensagem de sua autoria no site monergismo.com e gostei, bem direta, objetiva, e sobretudo inspirada nas Escrituras.

Irmao G

Robinson said...

Ok! Irmão G.
O site monergismo.com é muito bom mesmo e é uma honra ter escrito algo para eles. Lá só tem cobra em teologia.