Friday, October 22, 2010

ALMAS PERFUMADAS

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda. De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce
que tem pra escolher. O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende a ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal
do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que as gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume
que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa
só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus
está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.

Costumo dizer que algumas almas são perfumadas,
porque acredito que os sentimentos também têm cheiro
e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia.
Você conhece alguém assim?
Que perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores.
E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que mudou de frasco,
mas continua vivo no coração de tudo o que ele amou.
E tudo o que amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de pessoa para me falar de amor.

CARTA ABERTA AOS PASTORES DE DEUS


Por um pedaço de pão e uma xícara de café


Eles até que demoraram muito a aparecer nesta temporada eleitoral. Tão previsíveis como os debates na TV e as baixarias para atingir os adversários, os famosos cafés da manhã de candidatos com pastores e lideranças evangélicas mantiveram seu lugar de primazia entre os meios preferidos de comunicação dos políticos com o povo de Deus.

São baratos, junta gente e é confortável para quem fala calar pelo monólogo os muitos que apenas ouvem. Até parecem uma peste daquelas que a gente pensa que se livrou para, infelizmente, dois ou quatro anos depois – dependendo do calendário eleitoral – aparecer de novo.

Nunca vi café da manhã para pastores em meio de mandato ou antes do Prefeito ou Governador mandarem algum projeto de lei para a Assembléia ou para a Câmara! Até que eles aparecem na época do Natal, mas só no Natal imediatamente anterior à próxima eleição.

Recentemente, fui convidado a participar de um. Aceitei relutante lembrando do último no qual estive há 10 anos e do qual muito me arrependi. Resolvi dar uma chance a quem me convidava e só impus duas condições, pensando eu que o modus operandi dos tais cafés teria mudado depois de tanto tempo.

Disse-lhe que não aceitaria fotografias e filmagens a serem colocados no guia eleitoral sob o título “Pastores apóiam fulano de tal” ou “Evangélicos estão com sicrano de tal” e também que gostaria de interagir com o candidato num colóquio respeitoso, sério e honesto sobre seus pensamentos e propostas.

Visivelmente constrangido o político de tempo integral e “irmão-de-domingo-sim-domingo-não”, ponderou que não controlava estas coisas, mas faria estas observações ao pessoal da campanha e blá-blá-blá.

Fui e me arrependi novamente por meu ledo engano: como participar se tinha uma multidão de pastores, evangelistas, missionários, proto-bispos, apóstolos, dirigentes de círculo de oração, presidentes de denominação, chefes disto, caciques daquilo...? Muitos – com algumas honrosas exceções – ávidos por um beija-mão, apenas. Na verdade, não consegui nem agüentar até o fim.

Ainda bem que, precavido, tomei café em casa, pois até hoje não entendo porque chamam “aquilo” de café da manhã se o político só aparece lá pelas 10 da manhã, enquanto pobres mortais claramente chamados de desocupados pelo descaso da “ótoridade” já o esperam entre bolachas cream-cracker e goles de café desde antes das 8 horas, que seria o horário supostamente marcado para o início.

Cheguei até a pensar numa época dessas que os políticos faziam isto de propósito, tanto para que uns pobres morta-fome pudessem se saciar com as “finas iguarias do rei”, enquanto esperavam o prato principal, como para que, uma vez o auditório lotado, pudesse o candidato chegar com pompa e circunstância, coisa que alguns pastores-estrela e seus asseclas gospel também fazem com esmero, especialmente para dar a impressão de que são executivos da fé sempre muito atarefados com os negócios do Reino.

Todos a postos, começa o culto. Ops! Culto? Pois é, crente tem essa mania. Tudo que faz tem que parecer culto. Se for festa , tem que ser culto-festa. Se for evento político, tem que ser comício-culto ou vice-versa, sei lá! O fato é que um sujeito barrigudo – político por in-vocação e pastor de profissão – começa o culto com uma oração, logo seguida de louvores – mal acompanhados por uns poucos mais fervorosos e displicentemente ignorados pela maioria mais interessada em conversas amenas com os colegas e conchavos políticos intra e extramuros.

Minha paciência se esgota completamente quando uma irmã “candidata-derrotada-a-não-sei-o-quê” é chamada para um louvor especial e resolve “dar uma palavra” para o candidato, afirmando, sabe-se lá com a autorização de quem – a minha, eu certamente não dei! –, que “estamos aqui para lhe dizer Fulano que estamos com você nesta eleição”.

É o fim da picada! Levanto-me, saio junto com alguns poucos “mais sensíveis” e deixo o meu lugar marcado para o próximo café da manhã daqui a.... 20 anos, tá bom?

Esta minha forma meio zangada, meio irônica de narrar o ocorrido mal encobre um profundo sentimento de mal estar e vergonha que sinto quando vejo mais uma vez o povo de Deus trocando seu direito de primogenitura por um pedaço de pão e uma xícara de café.

Refiro-me à maneira como somos, por um lado, amadores e por outro lado, interesseiros, no processo eleitoral e na participação política em geral.

Muitos vão, no máximo, ao ponto de debaterem se o candidato é crente ou se alguém já o viu disfarçadamente fazendo o sinal da cruz em algum culto especialmente convocado para “apresentar o amigo do evangelho” e cabular alguns votos do seu curral eleitoral mal travestido de congregação.

Ultimamente, chegamos ao disparate de perder tempo e energia, além de passar recibo de ignorantes e de intolerantes para todo o mundo, questionando se o sujeito mandou fazer estátuas de demônios em encruzilhadas da cidade ou se ele é ateu, agnóstico ou algo assim, “esotérico-pós-moderno-pluralista-inclusivista”.

Nesse processo, demoniza-se o que for mais à esquerda da escala da ortodoxia, e santifica-se o outro mais à direita, porque se tem uma coisa que os “evangélicos” (Argh!) gostam de fazer é manter o status quo.


Outros – os interesseiros – com um olho nas pesquisas, e outro nos seus interesses paroquianos, pendem para um lado ou para o outro, já pensando naquele “convênio social” com o governo, ou com aquela área destinada a equipamento comunitário ou de reserva verde pronta para ser, casuística e ilegalmente, revertida para “aquele projeto ma-ra-vi-lho-so que vai abençoar muita gente!”

Fecha-se os olhos convenientemente para o passado de um, arregala-se os olhos inquisitorialmente para o do outro.

Nada de debates de idéias, nada de propostas de políticas públicas. Nada de questionamentos sobre o bom uso dos recursos do município ou do estado, nada de participação civil não partidária, nem eleitoreira.

Ah! Triste povo de Deus de tão saudosa e gloriosa história profética, hoje servindo de massa de manobra do Egito contra a Assíria, ou da Assíria contra o Egito, ambas “canas fumegantes prontas a se quebrar”. Onde estão os profetas de Deus diante de quem os reis tremiam ao abrir de suas vozes convocando-os ao que é reto e justo?

Viraram cachorrinhos mansos, comedores de migalhas de pão nas cozinhas dos mandatários de plantão!

Basta! É preciso que nos respeitemos para ser respeitados. É preciso que façamos valer a nossa voz profética tronituando por justiça social, por respeito a princípios de respeito à liberdade religiosa, à família, à separação Estado-Igreja etc, que construíram a nossa civilização ocidental e particularmente, o nosso país.

É preciso que nos façamos respeitar não pelos números grandiosos e superestimados – diga-se de passagem – da membrezia de nossas igrejas, as quais são inflacionadas seja para massagear o ego dos nossos líderes megalomaníacos, seja para disfarçar que grande parte dos arrolados estão também arrolados em outras comunidades.

Protestantes não têm papa. Logo, não tem quem fale em nome “dos evangélicos” ou “dos pastores”. Somos um movimento de homens livres em Cristo, sacerdotes de si mesmo diante do Trono do Único Soberano, em cuja direita senta o Sumo Sacerdote da nossa confissão.

Deixemos de ser risíveis, tolos. Deixemos de ser espertos, desprezíveis.

Façamos Política com ”P Maiúsculo”, discutindo interesses do povo em geral e não apenas dos nossos guetos religiosos.

Façamos Política com “P Maiúsculo”, pressionando autoridades, por quem também devemos orar, com o objetivo de fazê-las ouvir a Igreja, consciência do Estado, em tempos de eleição e, principalmente, quando no exercício do mandato que lhes outorgamos pelo voto.

Separemo-nos do furor policandis, do afã ambicioso da sala do trono, e estejamos na rua servindo em nome do Rei. Temos quadros nas nossas comunidades para servir ao Estado? Temos espaços nas nossas instalações para servir ao povo? Então nos ofereçamos como o samaritano do caminho ou como o estaleiro que recebe o moribundo com fome e sede de justiça.

Façamo-nos representar como segmento importante da sociedade não através de cargos comissionados que calam a nossa boca, mas por meio de representantes dos nossos anseios, valores, crenças e princípios. Não somos melhores, nem piores do que qualquer outro segmento social. Não queremos privilégios, mas também não nos submeteremos a discriminações ou exclusões, de quem nunca dialogou conosco e só nos procura quando precisam do nosso voto.

Unamo-nos em torno de pessoas cujo perfil e história de vida se credenciem por si mesmas, evitando que candidaturas independentes do crivo do povo de Deus através daqueles chamados para supervisioná-lo, não sejam múltiplos e concorrentes projetos personalistas de alguns sujeitos que não deram prá nada e aí “tiveram uma revelação” que Deus está lhes chamando para ser vereador, deputado... Já não nos bastam o que se dizem “evangélicos” (Argh!) e nos envergonham com uma vida moral dupla, com posturas vendidas a interesses pessoais inconfessáveis?

Respeitemos os nossos púlpitos de onde deve emanar a Palavra de Deus, santa e verdadeira, para a pregação do Evangelho de Jesus e só. Não os ofereçamos para qualquer filho de Belial, soprado por algum ponto eletrônico de um marketeiro qualquer, falar “amém” e “aleluia”, a fim de passar por irmão na fé e enganar os incautos.

Respeitemos o povo de Deus. Eles já não nos respeitam como outrora, porque não temos sido como o Bom Pastor que vendo o lobo o afugenta. Muitos têm aberto a porta do aprisco para os lobos-candidatos-vestidos-de-ovelha tomarem o melhor do rebanho, que não é a lã do voto, e sim a singeleza da confiança que têm em nós, seus pastores.

Finalmente, arrependamo-nos diante de Jesus, a quem iremos prestar contas do nosso ministério. É a Ele que devemos temer, porque “antes importa obedecer a Deus que a homens”.

Que Deus tenha misericórdia de sua Igreja e da nossa Paraíba. Votemos com a nossa consciência. Quem ganhar receberá mais do que um mandato de todos. Receberá também as orações e o apoio de quem quer servir a Deus e ao próximo.

Porém, não receberá um cheque em branco para fazer o que quiser. Sejamos vigilantes e não negociemos nem a fé, nem os nossos princípios.

Seu conservo pastor, com humildade e temor,

Robinson Grangeiro Monteiro
Ministro Presbiteriano

Saturday, October 16, 2010

PANORAMAS POLÍTICO-RELIGIOSOS NO 2O TURNO


Introdução:

Recentemente, recebi email de um nobre colega pastor, cujos anexos incluíam a "Carta da Candidata Dilma Housseff aos Cristãos", que pode ser encontrado facilmente na internet e um outro texto intitulado “Reflexões Sobre Eleições, Cidadania e Fé”, o qual não tenho autorização para transcrever na íntegra neste espaço.

Abaixo, transcrevo meus comentários, adaptando-os ao contexto de um texto aberto à consulta pública, procurando preservar identidades e aspectos pessoais.

Sobre a Carta da Candidata Dilma, TEÇO OS SEGUINTES COMENTÁRIOS E ELABORO AS SEGUINTES QUESTÕES:

1.Considerando que a candidata é “pessoalmente contra o aborto” e que “defende a manutenção da legislação atual sobre o assunto”, (Ítem 2) POR QUE, além de “não propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País” (Ítem 3), TAMBÉM NÃO SE COMPROMETE a orientar a sua base de apoio parlamentar no Congresso – que será majoritária nas duas casas – neste mesmo sentido?
Por que TAMBÉM NÃO SE COMPROMETE até mesmo a vetar, nos termos da lei, qualquer lei aprovada pelo Congresso que contrarie esta posição pessoal e institucional assumida por ela?
Obviamente que, depois de eleita, a candidata Dilma poderá até não propor mudanças na legislatura, mas poderá muito bem liberar qualquer congressista de sua base parlamentar a fazê-lo, a fim de depois alegar que não tomou a iniciativa e que precisa respeitar a vontade do Congresso, não usando assim a força política para barrar os projetos de lei nas comissões e no plenário das duas casas, além de não usar o instituto do veto presidencial como o próprio presidente Lula já usou recentemente.
Sabemos que o veto tanto pode ser jurídico quando for comprovada sua inconstitucionalidade, como político quando for comprovado o interesse contrário ao do povo (nação).
Sabemos que o Presidente da Republica tem poder de veto total ou parcial sobre um projeto de lei, comprovando sua justificativa de veto. E apesar de o Presidente não ter poder absoluto, podendo as casas revisoras concordar ou rejeitar o veto, a maioria absoluta exigida pela Constituição para derrubar o veto, obviamente tornaria a aprovação da lei muito mais improvável.

2.Considerando que a candidata Dilma pretende "editar leis e desenvolver programas que tenham a família como foco principal" (Ítem 6) de onde se conclui que ela tem pleno conhecimento das questões importantes para a preservação do núcleo familiar, POR QUE NÃO EXPLICITA quais "iniciativas que afrontam à família no PNDH3", que estariam sendo revistas?
Por que a candidata NÃO SE COMPROMETE, se eleita, a excluí-las liminarmente do PNDH3, chamado de uma “ampla carta de intenções”?
Se é apenas uma "carta de intenção", por que dar a importância a ponto de admitir que está sendo revisto? Se não é apenas uma carta de intenção - como é o mais provável - então, por que não explicitar o que está sendo revisto e por quais razões?
É notório que a candidata mudou de opinião sobre temas importantes para nós cristãos e embora lideranças do PT afirmem que isto representou uma “evolução” das opiniões da candidata sobre estes assuntos, que garantias há que não haverá um retrocesso pós-eleição?
É preciso mais do que uma carta genérica escrita para “pôr um fim definitivo à campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários eleitorais”, o que dito assim, por si mesmo já apontaria uma serventia eleitoral ao documento.


Sobre seu documento “Reflexões Sobre Eleições, Cidadania e Fé”, CONSIDERO DE BOM ALVITRE TODA INICIATIVA DE DISCUSSÃO LIVRE E DEMOCRÁTICA SOBRE POLÍTICA, mas entendo que:


1.Considerando ser um documento com o “propósito de contribuir, como cidadão” e como “uma reflexão de um cristão que deseja contribuir com o exercício da cidadania e não como uma palavra de orientação pastoral”, ENTENDO QUE O COLEGA NÃO DEVERIA TER ASSINADO NA CONDIÇÃO DE PASTOR PRESBITERIANO, nem muito menos tendo a subscrição “Igreja Presbiteriana do Brasil”, porque o irmão nem fala em nome da igreja que pastoreia, a não ser que exista documento do Conselho autorizando-o a pronunciar-se assim, nem em nome do Concílio, além de não falar, obviamente, em nome da Igreja Presbiteriana do Brasil, múnus restrito ao Supremo Concílio da IPB.
Entendo que é tênue a fronteira entre sua cidadania e seu pastorado – encontro-me na mesma situação – e por isso, ao posicionar-me no 1º turno em favor da candidatura de Marina fiz questão de afirmar e escrever em alto e bom som que o fazia na condição de “cidadão brasileiro”, respeitando assim a ideologia e convicções políticas dos meus colegas pastores, das minhas ovelhas e a isenção institucional da Igreja Presbiteriana do Brasil.

2.Considerando que, conforme você escreve, “os evangélicos estão mandando para os partidos e para os políticos o ‘recado’ de que os cristãos precisam ser ouvidos”, CONCORDO PLENAMENTE com seu pensamento de que é “um ponto positivo de afirmação da inserção cristã evangélica no debate político nacional e que atualmente pode ser observada”, ainda que esta “inserção da voz evangélica no debate eleitoral ainda é feito com amadorismo e imaturidade.”
Entendo que cidadania e democracia se aperfeiçoam pela prática e, portanto, acolho com alegria e esperança a participação de tantos cristãos, especialmente os jovens, neste processo eleitoral, esperando e orando para que após a eleição este ímpeto não seja arrefecido, visto que o remédio para a má política é a boa política e não a omissão política.

3. Considerando que, muitos cristãos – não todos, certamente – “labutam em equívoco quando querem exigir dos candidatos que procedam como se fossem portadores da mesma fé que os evangélicos abraçam e procuram honrar” e que “não é correto e até sensato ‘satanizar’ candidatos para justificar a rejeição pessoal a qualquer deles” e que também erram “quando participam, por exemplo, da proliferação de mensagens via internet que buscam desqualificar candidatos e partidos”. CONCORDO PLENAMENTE com seu posicionamento de que “não havendo um candidato evangélico que inspire confiança pela qualidade do compromisso de fé que possui e pelo projeto que tenha a oferecer, o eleitor evangélico deve escolher um nome que, mesmo não professando a mesma fé, apresente um projeto consistente e confiável, que promova o bem e a justiça em favor de todos os cidadãos. Não deve interessar aos cristãos os governantes que lhes garantam privilégios, mas sim os que assegurem os direitos sem distinção”.
Lamento que este “candidato evangélico que inspire confiança pela qualidade do compromisso de fé que possui e pelo projeto que tenha a oferecer” existisse concretamente na pessoa da nossa irmã e ilustre senadora Marina Silva, a qual não recebeu o apoio necessário importante de tantos líderes, como nós pastores, que há décadas oram pelo país, especialmente para que Deus levante autoridades tementes a Deus para dirigir o Brasil.
Todavia, tenho certeza de que, em 2014, a oportunidade será renovada, bem como em 2012, nas eleições municipais, razão pela qual já oro e me mobilizo para que a defesa de um país que avance para uma democracia plena através de práticas políticas sadias - enterradas por aqueles que nos disseram antes que a esperança tinha vencido o medo - concretize-se num desenvolvimento sustentável e em justiça social ainda maior.

4. Considerando que, no mérito do documento – sua opção pela candidata Dilma – não há o que comentar, visto que é uma posição pessoal, ideológica, na condição de militante do Partido dos Trabalhadores que você é há muito tempo, e que junto com você há lideranças neopentecostais significativas como, dentre outros, Edir Macedo, bispo presidente da Universal do Reino de Deus, a quem a candidata Dilma destinou sua carta, DEFENDO FERREAMENTE O SEU DIREITO DE PRONUNCIAR-SE POLITICAMENTE como manifestação cidadã no pleno estado de direito em que estamos e por isso, agradeço a oportunidade de repercutir o documento que me enviou.

Com os melhores votos de apreço e consideração e no espírito e propósito comuns de orar pelas autoridades constituídas por Deus e ser, como Igreja, pastores e cristãos, a consciência do Estado, despeço-me.

Fraternalmente,

Robinson Grangeiro Monteiro