Canção
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Cecília Meireles
2 comments:
Li uma mensagem de sua autoria no site monergismo.com e gostei, bem direta, objetiva, e sobretudo inspirada nas Escrituras.
Irmao G
Ok! Irmão G.
O site monergismo.com é muito bom mesmo e é uma honra ter escrito algo para eles. Lá só tem cobra em teologia.
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