Wednesday, March 07, 2007

Outro exemplo...


Quer ver outro exemplo na mesma revista? Esse articulista aqui é notorialmente avesso e inimigo ferrenho de qualquer coisa que cheire a religiosidade, a cristianismo, ética cristã etc. Estou falando de André Petry.
A propósito de "louvar" a coragem e clareza do Governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral quando defendeu a legalização das drogas e do aborto, o articulista aproveita para abrir espaço para tratar da relação do governador com os religiosos - o que, sem dúvida, seria uma pergunta óbvia para qualquer jornalista - e então comenta no final que "é um alento ouvir um governador dizer claramente que defende a legalização do aborto e das drogas".
O mais interessante é que o único argumento "científico" citado pelo Governador e corroborado por Petry é de natureza econômica a partir de um ponto de vista do economista Steven Levitt no seu livro "Freakonomics".
Em resumo, ele defende que a aprovação do aborto impede o nascimento de filhos indesejados, principalmente, de mães pobres e solteiras, que pelo ambiente familiar desestruturado, teriam maior possibilidade de se envolver com o crime. E conclui, candidamente, "como não nasceram, vinte anos depois a criminalidade nos EUA caiu".
A ressalva esquisita e ilógica do articulista é que "nem o governador, nem ninguém defende legalizar o aborto como medida de combate ao crime".
Ora, ora, se o argumento não serve, então é usado para quê!? Se a inferência lógica de qualquer um ao ouvir esta argumentação não fosse que é melhor impedir que crianças nasçam do que deixá-las futuramente ser criminosas, então o que é que se está dizendo e com que objetivo esse argumentado foi esgrimado?
Eu vou dizer o porquê. É porque não há nenhum estudo científico que comprove essa tese de Freakonomics! O argumento tem sido usado por proponentes de uma visão eticamente mais liberal em questões como o aborto e a legalização das drogas e - suspeito eu - por governantes que preferem o caminho mais fácil ao mais difícil dos seus deveres, que é o de governar com justiça e coragem.
E mais: quem prova que filhos indesejados de mães pobres e solteiras são mais propensos ao crime e por isso deveria se propor uma eugenia simulacra de prevenção à criminalidade, especialmente este tipo de criminalidade que convivemos no Brasil com raízes no poder, no narcotráfico, no jogo ilegal etc?
E o que isso tem a ver com viéis jornalístico e fé. Em várias outras oportunidades, Petry ligou as posições religiosas dos que se opõem à legalização do aborto e à liberação das drogas a atrasos do nosso país. Para ele, o fundamentalismo religioso desses cidadãos é o que tem atrasado o país.
Lêdo engano! Que ele suba aos morros do Rio de Janeiro e verifique com seus próprios olhos quem são alguns dos maiores protagonistas de inclusão social. São cristãos que transformados pelo Evangelho, primeiramente, começam a trabalhar na restauração de suas relações familiares e todo mundo sabe: quando a família é restaurada a sociedade agradece.
E depois, começam a se envover com a comunidade de maneria solidária e construtiva.
O que me dá alento é que "os que têm fome e sede de justiça serão fartos", mesmo que alguns os tratem a pão de desrespeito e a água da intolerância.

No comments: