Sunday, March 11, 2007

Da Consistência

“O essencial na terra e no céu é que deve haver uma obediência consistente na mesma direção para que haja resultados e que isto sempre resultará no longo prazo em algo que faz a vida valer a pena”. Friedrich Nietzchie em Além do Bem e do Mal

Consistência é a minha palavra preferida do momento. Você já deve saber que aqueles que lidam com palavras – como é o meu caso – adotam palavras preferenciais de tempos em tempos, seja por hábito ou por descobertas interessantes sobre elas.

Consistência é a minha preferidinha porque fala de algo em desuso e consequentemente, em falta nestes tempos. Valor e uso são fatores muito próximos não apenas no campo da biologia, onde tudo que não se usa atrofia, mas também na linguagem, onde tudo que não se pratica também disto não se fala.

Na verdade, não sei dizer se a gente deixa de usar palavras e consequentemente, elas não são valorizadas, nem praticadas no dia-a-dia, ou se é o contrário. Porém, consistência é um caso que aponta para o desuso da prática como origem do desaparecimento no vocabulário cotidiano.

Este substantivo feminino que trata do que é homogêneo, coerente, firme, compacto e denso, também traduz a ausência de contradição e estabilidade de opinião que resultam em perda de credibilidade. É justamente num contexto social de vaporosidade que ela faz tanta falta.

As relações de hoje são fugidias. Os valores são trocados como peças de roupa. Os princípios são negociados nas gôndolas do mercado de valores da sociedade. Temos não apenas fast-food, mas também fast-sex, fast-devotions, fast-relationships. Enfim, tudo rápido e superficial. Gore Vidal diz que “a paixão da atualidade é para o que for imediato e casual”

No campo religioso, isto também não é diferente. Vivemos épocas de novidades religiosas atrativas para usuários e para a mídia. Um exemplo: quem chama mais a atenção não é uma igreja histórica que está a quase 150 anos no Brasil com uma longa folha de serviços religiosos, sociais e educacionais como a Igreja Presbiteriana do Brasil, mas uma igreja que começou ontem na esquina ali da rua que traz algumas novidades na sua aparência e prática externa e velhos vícios no seu núcleo de fé e de ética.

Mais preocupante ainda é quando esta in-consistência lhe afeta na sua espiritualidade. Eugene Peterson alerta-nos de que ser chamado por Cristo para ser discípulo e peregrino tem implicações relacionadas muito mais à consistência do que a qualquer outra “fast-virtue”.

Por isso, Ele afirma: “Quem quer vir após mim (ser discípulo), negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”.

É este chamado que consistentemente Ele lhe tem feito? É nisto que você consistentemente tem se envolvido?

Com carinho,
Pastor Robinson

No comments: