Tuesday, September 28, 2010


CENÁRIOS POLÍTICOS NA CAPITANIA HEREDITÁRIA DA PARAHYBA
Alguns, talvez estimulados pelo meu apoio público a #Marina43, pediram para que eu fizesse o mesmo em relação a candidaturas na Paraíba.

Tenho dificuldades em atender este pedido e explico as minhas razões:

1. Diferentemente, da eleição para Presidente, não vejo no cenário estadual qualquer nome para Governador que apresente oportunidade de mudança real para o Estado.
Não é nada pessoal. É opinião política mesmo. São caciques políticos que se alternam no poder nas últimas décadas. E até quem representava o novo há pouco tempo, hoje faz parte de um dos esquemas e já se locupletou e foi domesticado.
Há aspectos positivos e negativos nas candidaturas de Maranhão e de Ricardo, mas nada que me atraia a votar e trabalhar em favor de eleger qualquer um deles.
Sinceramente, até nem sei ainda em quem votar. Talvez faça por eliminação, retirando quem é pior, primeiramente, e assim sucessivamente.
Entre os partidos menores, o radicalismo e o exotismo dos candidatos certamente depõe contra eles, no que se refere às minhas convicções religiosas e políticas.

2. Em relação aos candidatos ao Congresso Nacional - Senadores e Deputados Federais - a amplitude da importância da escolha é proporcional à relevância dos temas que estes homens e mulheres decidirão durante os seus mandatos.
Por isso, tão importante como saber quem é "amigo do rei ou da rainha" e quem teve ou tem mais poder para trazer recursos a ser investidos no estado da Paraíba, é necessário entender os valores, as crenças e as atitudes destes candidatos em temas polêmicos no campo da ética (união civil de pessoas do mesmo sexo, descriminalizaçao do aborto e do uso da maconha, liberdade de expressão e de crença etc.), no campo da política (reforma política, sistema eleitoral, financiamento de campanha etc.), no campo da economia (reforma previdenciária, tributária, trabalhista etc.).
Estas informações estão disponíveis em bancos de dados dos principais órgãos da imprensa, nos arquivos do congresso etc. Consulte-os. Não queira a informação já mastigadinha. Cidadania é participação pessoal e instransferível.
Particularmente, tenho inclinação para rejeitar quem teve mandato e oportunidade para fazer e não fêz nada; quem teve mandato e oportunidade para fazer e fez o que é errado, vergonhoso e contrário aos interesses da Paraíba, quem enriqueceu "miraculosamente" fazendo "carreirismo político" e assim por diante.
Tenho dificuldades também em quem é candidato porque faz parte de oligarquias familiares que precisam se manter no poder ou retomar o poder, quem se autodenomina representante deste ou daquele segmento da população, inclusive dos que fazem mau uso da fé e da religião, seja ela protestante ou evangélica, para angariar votos dos incautos ou dos interessados em benefícios corporativistas.
Faço oposição particularmente a quem exibe valores, crenças e atitudes contrárias a princípios bíblicos, porque sei que: quem você é e aquilo em que você acredita influencia o que você faz, privativa e publicamente. Um homem ou mulher que não teme a Deus na hora de decidir não terá o estôfo espiritual e moral de suportar a oposição às suas idéias numa sociedade cada vez mais anti-tudo-que-é-deus-ou-religião.
Com a mesma veemência rejeito que ser religioso é garantia de exercer um mandato com dignidade e eficiência. É preciso que o sujeito além disso, seja honesto, bem articulado, tenha competências pessoais e políticas para entender a realidade do país e do Estado e compromisso com o que for melhor para a maior parcela da população, mesmo que venha a desagradar ou prejudicar alguma minoria, se isto for inevitável.
Assim, ser cristão não é garantia de ser um bom político. É preciso que seja um cristão político mais do que um político cristão.
Por isso, decidi votar em candidatos que conheço pessoalmente e, mesmo não tendo nenhum de quem privo de intimidade, terei acesso suficiente para dizer verdades e cobrar posicionamentos coerentes. Desta forma, meu voto não serve para ser seu voto, porque quem eu conheço neste nível, talvez você não conheça e vice-versa.

3. Finalmente, a escolha de deputados estaduais da Paraíba precisa ser feita de modo a libertar o Estado de rinhas de galos representadas por interesses mesquinhos de grupos num estado tão dependente de políticas públicas estruturantes.
Neste quesito, gostaria muito de ver uma Assembléia Legislativa em que o futuro governador não tivesse a maioria dos deputados para forçar os agentes políticos a debater idéias e não conchavos, evitando-se tanto o rolo compressor de uma maioria cega, como as traições oportunistas.
Assim, veja quem estava de um lado e correu para o outro quando foi conveniente. E também quem abre os braços para receber traidores. Eles se merecem e não merecem nem o meu, nem o seu voto. Cobeligerância política é o que permite gente que pensa diferente pontualmente se aliar para causas comuns para o bem do povo. Oportunismo político é falta de caráter e defesa de interesses políticos que beneficiam pessoas, famílias e grupos políticos.
Observe quem é filhinho de fulano, primo de sicrano, irmão ou mulher de beltrano e por isso, acha que tem cadeira cativa na Assembléia. Vote em idéias e histórias de vida. Um bom termômetro é que um bom vereador quase sempre se torna um bom deputado. Veja, então, quem já exerceu mandato como vereador, como foi a atuação e dê a oportunidade dele ampliar sua atuação política.
Porém, não descarte "novatos" em eleições, desde que não sejam novatos na atuação política em suas áreas de atuação profissional. Gente que se legitima pelo que já fez quando ainda não era deputado se credencia para continuar fazendo como deputado. Evite os exotismos dos tiriricas locais ou daqueles que podem até ser sujeitos interessantes para a mídia, mas não para o trabalho de ser agente público.
Finalmente, não se encante com os perfis cor-de-rosa do guia eleitoral ou meios de comunicação estadual. Grande parte da imprensa é tendenciosa, vive de favores políticos, anúncios pagos e notícias plantadas para favorecer este ou aquele. Desconfie a quem interessa determinada notícia negativa sobre algum candidato.
Particularmente, usarei estes critérios para escolher meu deputado estadua. Gostaria de ver alguém de João Pessoa eleito deputado estadual. Campina Grande, minha cidade natal, já está muito representada. As várias regiões do Estado também. E João Pessoa? A capital para onde e por onte todo o progresso do Estado acaba passando.

Conclusão: se você esperava nomes, desculpe por decepcioná-lo. Não os tenho e até acho que é bom para você aguçar o seu senso de cidadania e de atuação política. No mais, se você for cristão e crer no Deus que está no trono e que a tudo controla, ore, ore, ore, ore muito por estas eleições.

Um abraço,
Reverendo Robinson Grangeiro Monteiro
Um cidadão brasileiro e paraibano

2 comments:

IBA said...

Caro Reverendo, mais consciente que esse texto seria impossível. Vou fazer aqui o mesmo apelo que penso em fazer mais adiante: não deixemos esse engajamento político morrer após esse momento. Sinto que nós cristão também estamos precisando, e muito, acordar nessa área. Arregacemos as mangas!!!

Robinson said...

Certamente este será o grande desafio, especialmente quando se sabe que consciência política é um processo lento de mudança de mentalidade.
Porém, eu estou otimista que a prática política chegou a um determinado ponto que os cristãos serão obrigados a posicionar-se de modo mais claro, consciente e engajado nas grandes questões políticas e sociais do país.