Friday, March 16, 2007

Li, gostei e transcrevo...

O texto abaixo é do Rev. Felipe Assis, da Comunidade Presbiteriana Memorial de Recife, Pernambuco.
Conheci Felipe quando ainda era um "garotão" - não que seja velho agora! Longe disso! - "aprontando" (no bom sentido!) no Acampamento Palavra da Vida em Paudalho, PE.
Filho do Rev. Abner Assis, demonstra que, embora filho de crente não seja necessariamente crente, certamente é herdeiro da aliança e da promessa, por isso foi salvo e chamado para o Ministério Sagrado.
Ele será o pregador oficial do 6o Aniversário da Igreja Presbiteriana de Tambaú (www.iptambau.org.br) e certamente terá uma mensagem de Deus para nós. Conto com você por lá.
Por enquanto, prove um pouquinho da reflexão que ele faz sobre "A dura estrada da santificação". Se você quer conhecer mais do pensamento dele, visite www.simplesmenteevangelho.blogspot.com

Tenho refletido muito acerca do tema “Santificação” ultimamente. Domingo, inclusive, estarei abordando de certa forma o tema no sermão: O Evangelho e Luta Interior baseado no texto de Gálatas 5:16-26.
A conclusão que tenho chegado é que a abordagem que a maioria das Igrejas dão ao tema, é contraditória a mensagem do Evangelho. O que normalmente se pensa, é que a salvação provem da graça, todavia, a santificação provém das obras. Seria como se Deus tirasse o indivíduo do buraco e colocasse-o na estrada da religiosidade e dissesse a ele assim: “olha fiz minha parte, te salvei, daqui pra frente depende de você. Faça por onde merecer tudo isso, se esforce!”. Daí ele aperta a mão do sujeito e diz “ – até mais! E... sim, Qualquer coisa estou lá em cima”.
O sujeito então embarca na sua jornada. Logo adiante, ele se depara com as tentações da vida, os conflitos interiores se intensificam e ele acaba caindo pelo caminho. O que ele faz então é procurar um guia para que este lhe ajude com sábios conselhos e capacite-o para seguir adiante. Ele chega então para o pastor e lhe narra a sua queda. A primeira coisa que ele ouve é: “mas rapaz! Que vacilo! Por acaso você anda lendo a Bíblia? Ora quantas vezes ao dia? Dizima?"
Com um olhar de um cão que não entende nada ele diz num tom trêmulo: “acho que não suficientemente”!
O pastor então diz: -olha aí... é isso! Você precisa buscar santidade. Leia mais a Bíblia, se esforce, dizime que logo você vai progredir e tudo vai melhorar.
O sujeito continua e segue à risca as recomendações da receita pastoral só que inevitavelmente como acontece com todos os peregrinos, acaba caindo de novo à beira do caminho. Desta vez, temeroso de buscar o “guia” para não ouvir: “de novo rapaz?”, ele se afunda numa profunda crise de baixa auto-estima. Diz para si mesmo: “Eu sou um miserável, sei que Deus não me ama pois nunca consigo. O que preciso é mesmo me disciplinar”.
Ele vai e transforma sua vida num "boot-camp" mais rígido do que o do Talibã que vai desde os códigos de vestimenta até o linguajar. Suando e chorando ele começa a colher os resultados da dura disciplina e se orgulhando de suas virtudes passa a contar vantagens aos outros peregrinos que chegam a ele, depois de terem levado um “baque” nas curvas da estrada.
O interessante, é que antes, quando cedia as tentações dos pecados de lascívia, sentia-se miserável e agora se sente orgulhoso pelos acertos conquistados. Nas duas fases ele esteve conduzido por um sistema meritório, ausentando a necessidade de um Salvador.
Na primeira, a imagem, o dinheiro, a aprovação dos outros, o sucesso, o sexo foram os seus ídolos, na segunda o seu próprio “eu”; por achar que sua performance o auto-justificaria. Essa bagunça é o que Paulo chama do “aperfeiçoar na carne”.
O aperfeiçoamento na carne tira o gozo e confiança da vida cristã, desembocando no medo e depois, até na depressão, por que tudo passa a ser feito com uma imensa carga de responsabilidade. Chega uma hora que ninguém agüenta o fardo. É como se ter uma carreira profissional que demanda tudo de si recheada com altos níveis de pressão.
Não deveria ser assim pois a santificação à luz do Evangelho é muito mais simples. É pela fé, do mesmo modo que é a justificação, a adoção e a glorificação (o estágio final – no céu). A transformação que o Evangelho traz ao individuo é no crê, não no fazer. Tudo já foi feito! O “crer” transforma porque ele deposita toda confiança na perfeição de Jesus e não no seu inconsistente “ser”.
A sua caminhada não é baseada na ótica que este tem de si mesmo, mas na ótica que Deus tem a respeito da sua pessoa. Ele sabe dos seus defeitos e das suas virtudes, que na verdade, testificam da sua imperfeição. Todavia, Deus o enxerga perfeito, pois o vê a luz de seu filho, O PERFEITO.
Cada vez que o individuo peregrino entende e traz essa mudança de perspectiva, CRENDO, ao seu coração, ele dá uma passada para frente. A mudança não é mais psicológica nem comportamental, é espiritual pois é de dentro para fora e não de fora para dentro. Isso então produz alegria, leveza e liberdade pois deixa de ser controlado por normas, regras, leis, homens... e consequentemente também produz progresso.

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