Saturday, February 24, 2007

Censura, o tema proibido


Na última Veja (21-02-2007)fui surpreendido com a matéria "Nada a ver com censura" na secção Sociedade que trata das novas regaras de classificação etária da programação das redes abertas de televisão.
Para o grande público, nada muda porque nada mudou. Alguém ouviu o Jornal Nacional, ou da Recorde, SBT, Band noticiar as mudanças? Vale um docinho para quem viu ou ouviu tal noticia que em nada interessa à grande mídia.
É preciso que a revista Veja - que também não é tão ingênua assim de publicar o que não lhe interessa - publique em uma reles página que a portria 264 do Ministério da Justiça instituiu "procedimentos que tornam mais difícil para as redes de TV protelar uma eventual reclassificação de seus programas para horários mais avançados", além de "respeitar os diversos fusos horários do país", entre outras coisitas.
O mais surpreendente, porém, é que a matéria tenha um tom positivo e não patrulhesco, que caracteriza os procedimentos dos meios de comunicação quando tratam de censura, este abjeto e insustentável meio imoral de controle social.
É que tudo que cheire, pareça, lembre, mesmo que remotamente, qualquer idéia de censura é logo rechaçado, patrulhado, bombardeado... enfim, sepultado definitivamente, mesmo que a ação seja simplesmente responsabilizar quem detém uma concessão pública pelo mal social que os seus produtos possam provocar, o que de resto é função do Estado detentor do direito de concessão.
Na matéria, a revista chama de "argumento cínico" a condenação das antigas e muito mais, das novas regras como sendo um atentado à liberdade de expressão e "um flerte com a censura".
De maneira precisa, a revista responsabiliza aos pais a proteção das crianças, principais alvos da má qualidade da nossa programação televisa e neste ponto, está certa. Nem o Estado, nem os meios de comunicação, muito menos ONGS, igrejas ou qualquer outra entidade ou grupo substitui o zelo parental na responsabilidade de criar os filhos saudáveis, conscientes e capazes de contribuir como cidadãos.
Para quem não sabe, isto é preceito bíblico preconizado nestes termos: "Tu as inculcarás - referindo ao ensino dos pais aos filhos - a teus filhos, e deles falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-se, e ao levantar-se" (Deuteronômio 6:7)
Mas, para aqueles que não crêem na Bíblia como Palavra de Deus, nada mais sensato do que curvar-se diante das evidências de inúmeros estudos que demonstram ser a influência dos pais ou das figuras paternas de um modo geral, o fator mais preponderante na formação da personalidade e do caráter da criança, especialmente nos seus primeiros anos.
A revista sugere que "o ideal seria que as próprias redes encontrassem uma forma de controlar seu conteúdo", o que soa como uma grande ingenuidade, visto que todo mundo sabe, que é sexo e violência os principais fermentos do bolo da audiência. Está aí a novela Vidas Opostas da Rede Record ligada à "igreja" universal do reino de Deus como prova inconteste. Inclusive na mesma edição outro análise - agora de duas páginas, sugestivo, não!? - trata desta matéria-prima televisiva.
O paradoxal é ver roteiristas de novelas, teóricos da comunicação e artistas esgrimando o argumento de que a TV forma opinião, quando é o caso de iniciativas que lhes interessam, e contraditoriamente, dizendo o oposto quando lhes é imposta a acusação de que cenas de sexo e de violência "apenas retratam a realidade".
Ah! Sim! Me engana que eu gosto. Quanto cinismo. E depois vão fazer passeata pela paz e reclamar da prostituição infantil

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