Friday, April 09, 2010

Uma Nova Mulher

Você chamaria alguém de “novo” se soubesse que viveu há 50 mil anos?
Certamente que não, mas é exatamente o que dizem paleontologistas do Instituto Max Planck em Leipzig (Alemanha) depois que acharam na caverna Denisova, na Rússia, um fragmento de osso da falange de uma criatura chamada de “Mulher X” que supostamente compartilharia um ancestral comum com a espécie humana.
Como pode causar tanto estardalhaço um ossinho de uma criatura de quem nem se sabe ao certo se seria do sexo feminino, qual seria sua aparência e até mesmo se poderia ser chamada de nova espécie? Para responder a esta pergunta é preciso entender qual é o padrão de verdade hoje no mundo.
Desde a revolução científica que o critério de aferição de verdade passou a ser exclusivamente o método científico que reclama para si o direito exclusivo de dizer se algo é verdadeiro ou falso, se é certo ou errado. Filosofia, teologia, senso comum etc. são tidos como modos de saber ultrapassados e dogmáticos.
Paradoxalmente, a mesma ciência que pretende ser detentora da verdade é essencialmente movida pela dúvida e não pela certeza. Se há algo que a ciência pode afirmar com certeza é que não há certeza! Um bom cientista é aquele disposto a sempre duvidar de tudo que lhe é apresentado como verdade.
E se não há certeza, como é possível crer piamente no que se apresenta como científico. Exatamente assim: “crendo piamente”, o que nos leva à ciência como sendo uma questão de fé, de ideologia, exatamente o que os cientistas mais combatem.
Eu entendo que a ciência é apenas “um dos saberes válidos” conforme indica um dos mais brilhantes físicos brasileiros Marcelo Gleiser em Criação Imperfeita – Cosmo, Vida e o Código Oculto da Natureza (Record; 368 páginas):
“Aquilo que conhecemos por meio da ciência pode parecer sólido e definitivo – mas está sempre prestes a se desmanchar no ar (...) tudo o que conhecemos se restringe a uma minúscula fração do que de fato existe. Ainda que disponha de instrumentos poderosos de investigação e medição é fruto da mente humana e, portanto, limitada à nossa capacidade de ver e interpretar a realidade. Pode-se afirmar que, se a beleza está nos olhos de quem a vê, a ciência está na mente de quem a faz.“
Não é o caso de contrapor ciência à fé, mas de entender que a ciência se ocupa do andar de baixo – o da natureza – tanto quanto a fé trata do andar de cima – o da sobrenaturalidade –, por isso, misturá-los nunca foi uma boa idéia.
O desafio é ser gente de fé cujos olhos estão em Deus e que tem os pés bem plantados na realidade da natureza, a fim de evitar o que Jesus advertiu: “E por se multiplicar a ciência, o amor de muitos esfriará”.
Rev. Robinson Grangeiro Monteiro

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