Tuesday, July 10, 2007

Porque a igreja romana está errada

Particularmente, entendo que há um campo possível de co-beligerância - para usar um termo de Francis Schaeffer - em que protestantes podem atuar ao lado de católicos, mormente em questões éticas e sociais, tais como: aborto, homossexualidade, ética política, calamidades públicas, ações de cidadania, combate à violência e às drogas etc.
Porém, o abismo se acentua quando se trata de questões doutrinárias, evangelísticas e litúrgicas, porque as posições são irreconciliáveis. Vejamos:

1. O documento afirma que "Cristo constituiu sobre a terra uma única Igreja e instituiu-a como grupo visível e comunidade espiritual, que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele."

Do ponto de vista protestante, não podemos concordar, primeiramente, que Cristo instituiu a igreja romana como única Igreja, porque a história demonstra o contrário. Como instituição humana, a igreja romana só acontece a partir da primazia assumida pelo bispo de Roma em decorrência da "cristianização" do império romano. Havia uma igreja cristã - esta sim constituída por Jesus Cristo. O que veio depois foi uma deturpação terrível das doutrinas cristãs, inclusive com a absorção e práticas pagãs romanas, gregas, babilônicas, egípcias etc.

Uma delas a divinização de Maria, além da intercessão de santos, a oração pelos mortos, a usurpação do papel vicário do Consolador - o Espírito Santo - por um pretenso vigário de Cristo assumido por papas supostamente sucessores de Pedro. Com isto, não dá nem para começar a conversar!


2. "Contrariamente a tantas interpretações sem fundamento, não significa que a Igreja Católica abandone a convicção de ser a única verdadeira Igreja de Cristo, mas simplesmente significa uma maior abertura à particular exigência do ecumenismo de reconhecer o caráter e dimensão realmente eclesiais das comunidades cristãs não em plena comunhão com a Igreja Católica".
Nenhuma instituição humana - romana, protestante, ortodoxa - pode arvorar-se a ser a única expressão da igreja cristã invisível, formada pela comunhão de todos os crentes em Cristo de todos os lugares e em todas as épocas. Onde houver a pregação da Palavra de Deus, a centralidade de Cristo, a ministração dos sacramentos do batismo e da eucaristia, a aplicação da disciplina, ali estará uma igreja de Cristo não importando que rótulo tenha.

As igrejas cristãs são expressões visíveis e instituicionais de uma realidade maior que é a Igreja de Cristo e portanto, todas e cada uma delas é tão Igreja como as demais que também o sejam.

3. "Embora estas claras afirmações tenham criado mal-estar nas comunidades interessadas e também no campo católico, não se vê, por outro lado, como se possa atribuir a essas comunidades o título de Igreja, uma vez que não aceitam o conceito teológico de Igreja no sentido católico e faltam-lhes elementos considerados eclesiais pela Igreja Católica"

Então, fica combinado que "os elementos considerados eclesiais" pela igreja romana são critérios absolutos e inquestionáveis, à luz da Bíblia e da história da Igreja! Vamos falar sério! As igrejas cristãs não-romanas são igrejas e não meras "comunidades eclesiais", seja lá o que a igreja romana defina ser "comunidade eclesial".
Somos Igreja e irmãos de todos os filhos de Deus por meio de Jesus e não "irmãos separados" e "comunidades eclesiais". Somos separados - Igreja = gr. eclesia = chamados para fora - dos que não são filhos de Deus, mas criaturas feitas à imagem de Deus e isto no aspecto soteriológico, visto que no aspecto ontológico e antropológico somos todos seres humanos.

Então, estabelecer uma categorização para diferenciar igreja de outras comunidades de segunda classe é uma afronta.

Pelo jeito, o Cardeal Ratzinger resolveu "ressuscitar" e sair da pele de cordeiro, assumindo suas garras e dentes de lobo.

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