Tuesday, June 26, 2007

Pérolas do Ministro

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participou de sabatina da Folha de São Paulo na segunda-feira (25), respondeu a perguntas sobre planejamento familiar, saúde do homem, financiamento para o setor, reajustes dos planos de saúde e novas regras para o funcionamento de farmácias.
Em meio a opiniões bem equilibradas, algumas "pérolas" me chamaram a atenção. Os meus comentários estão em vermelho.


Aborto Clandestino

"É uma discussão [aborto] que vai para o campo da religião, da filosofia, da moral, fica uma coisa abstrata. Mas não trabalho com abstrações, trabalho com as 170 mulheres que morreram em 2005 --quarta causa de óbito materno".

Para o ministro, as 170 mulheres que morreram em 2005 por complicações decorrentes de abortos clandestinos não sao "abstrações", mas os 1.040 milhão de crianças abortadas são, né!? Gostaria muito de saber o que o ministro entende por "abstração".


Contracepção

"O ministério usará sim a pílula do dia seguinte, ela é uma arma importante no sentido da prevenção da gravidez indesejada. O que houve na política que lançamos é que, como estamos ampliando o acesso ao anticoncepcional na rede de farmácias, e esse programa pressupõe receita médica, e a utilização da pílula do dia seguinte pressupõe a não necessidade de apresentar uma receita médica --seria um disparate você ter que procurar um médico para prescrever--, minha equipe está vendo como encaixar a pílula do dia seguinte em nossa estratégia, em que estará, com certeza absoluta".

A "estratégia" do ministro é facilitar o acesso indiscriminado à pilula do dia seguinte, sem refletir que ela também se presta a uma conduta sexual irresponsável, inclusive do ponto de vista da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, conforme já alertaram alguns especialistas em saúde pública. Por que a resistência do ministério em centralizar mais a sua "estratégia" em divulgar e incentivar o sexo responsável, ao invés de propagandear o suposto sexo seguro ou qualquer outro simulacro?


Início da Vida

Apóio [aborto induzido] até o início do desenvolvimento do sistema nervoso central, em torno da 12ª semana de gravidez. Porque até ali não há consciência, não há sofrimento, não há dor. Há um conjunto de especialistas, médicos e até filósofos, que apóiam essa perspectiva. A única coisa que não aceito nessa discussão é alguém negar que essa é uma questão de saúde pública. Aí tem a visão da igreja, da família, do cidadão, mas negar que essa é uma questão de saúde pública, que mata mulheres, que traz sofrimento e dor, é uma irresponsabilidade.

Só para se ater ao argumento do ministro quando levado até as últimas consequências, então, se o critério para o aborto é permití-lo se houver garantia que não haverá dor, nem sofrimento, então, caminhamos para uma sociedade eugênica, isto é, haverá justificativa ética para descartar os mais fracos e inúteis da sociedade, desde que isto seja feito sem dor ou sofrimento. A questão é de saúde pública, sim, mas não é apenas de saúde pública, por isso, não pode ser retirada de todo esse contexto familiar, social, religioso, filosófico etc.


Álcool

De 2005 para 2006 o consumo de cerveja no Brasil cresceu 7,5%, e os brasileiros beberam a mais dois litros por capita por ano. A indústria jura que não é por causa da propaganda, é o aumento da renda. Com a propaganda de cigarro havia a mesma discussão, de liberdade de expressão. Acho que a gente poderia até ser mais ousado, é uma polêmica saudável. Outra polêmica saudável é que os artistas deveriam refletir mais sobre seu papel na sociedade. Como você coloca sua imagem, seu talento, e a serviço do quê. Tem uma música nova que diz que a solução é latinha na mão. Não dá.

Aí, ministro! Deu uma dentro! Subscrevo sua opinião.


Saúde no Brasil

Não há caos na saúde no Brasil. Má qualidade de atendimento, fila de espera, tem. Heterogeneidade é uma marca que o sistema de saúde brasileiro tem.O que o governo tem que fazer, junto com a sociedade, é trabalhar para aperfeiçoar o sistema. Mas os que não usam o sistema é que o avaliam pior. Tenho dados exaustivos de que o sistema de saúde é muito bem avaliado pela população que o utiliza. O sistema tem méritos.

Troféu Relaxa e Goza para o Ministro da Saúde! A turma do Casseta e Planeta deveria contratar Marta Suplicy e José Temporão. Juntando os dois dá prá substituir Bussunda!

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