Arrisquei. Coloquei em jogo os resquícios da minha esperança de que ainda é possível fazer diferença no meio do charco em que se transformou a política nacional e então, de todos os senadores até o momento apenas um me respondeu, o que transcrevo abaixo:De: Sen. Renato Casagrande [mailto:RENATOC@senador.gov.br]
Enviada em: terça-feira, 26 de junho de 2007 10:13
Assunto: Senador Renan Calheiros
Ao longo desse processo defendi o aprofundamento das investigações, com o rigor que as denúncias exigem. O laudo da Polícia Federal levantou questões que ficaram sem respostas. Agora daremos ao presidente do Senado a oportunidade de se defender. Depois, confrontaremos as dúvidas da PF com as respostas do senador Renan. Assim, o Conselho de Ética poderá promover um julgamento justo, transparente e dentro do Estado Democrático de Direito. Uma decisão que não frustre a opinião pública, mas que reflita o amadurecimento das nossas instituições. Não vivemos mais no estado de exceção.
Ao longo desse processo defendi o aprofundamento das investigações, com o rigor que as denúncias exigem. O laudo da Polícia Federal levantou questões que ficaram sem respostas. Agora daremos ao presidente do Senado a oportunidade de se defender. Depois, confrontaremos as dúvidas da PF com as respostas do senador Renan. Assim, o Conselho de Ética poderá promover um julgamento justo, transparente e dentro do Estado Democrático de Direito. Uma decisão que não frustre a opinião pública, mas que reflita o amadurecimento das nossas instituições. Não vivemos mais no estado de exceção.
Cordialmente,
Senador Renato Casagrande
Diante da consideração do senador, respondí-lhe:
Caro senador Renato Casagrande
Boa tarde.
Primeiramente, obrigado pela resposta. De todos os senadores a quem enviei o email objeto de sua resposta, o senhor foi o único até agora a responder. Não importa se através de um assessor ou por meio de uma resposta-padrão, o fato é que, pelo menos, o senhor demonstrou consideração por alguém a quem o senhor como parlamentar deve satisfação. Muito obrigado.
Não tenho dúvida que não vivemos mais no estado de exceção. Tenho certeza que a exceção tem sido a honestidade dos parlamentares que elegemos. Tenho certeza que a exceção tem sido a capacidade de auto-reflexão e auto-correção das instituições basilares da nossa democracia, entre as quais o congresso nacional.
Temos visto a impunidade de parlamentares flagrados em falcatruas, roubalheiras, tráfico de influência, entre outros crimes, serem solenemente dispensados de ressarcir à população aquilo que roubaram. Temos visto um corporativismo burro do congresso que, cada vez mais, apresenta-se à sociedade como uma caixa de ressonância dos seus próprios e escusos interesses e não como representação delegada do povo que o elegeu.
Por isso, basta. Seja diferente de seus pares. Seja ímpar neste momento e honre o mandato que o senhor recebeu. O julgamento justo a que o senhor se reporta não pode ser leniente com aquilo que a documentação farta a que os senhores no conselho de ética têm acesso e que mostram que o fato do senador Renan Calheiros demonstrar ter recursos para pagar não significa que estes recursos são legais e que efetivamente foi ele quem pagou.
Finalmente, chamo sua atenção a um pequeno detalhe deste meu email e me permito um pequeno trocadilho, o que torna “grande” uma casa como o senado não é a letra maiúscula no começo da palavra senador ou senado, nem o sobrenome dos seus integrantes, mas a dimensão do caráter e da ética dos que sentam nas cadeiras onde nós, o povo, lhes demos o direito de sentar.
Honre o seu mandato, faça o seu dever cívico e durma com a consciência tranqüila.
Cordialmente,
Robinson
Boa tarde.
Primeiramente, obrigado pela resposta. De todos os senadores a quem enviei o email objeto de sua resposta, o senhor foi o único até agora a responder. Não importa se através de um assessor ou por meio de uma resposta-padrão, o fato é que, pelo menos, o senhor demonstrou consideração por alguém a quem o senhor como parlamentar deve satisfação. Muito obrigado.
Não tenho dúvida que não vivemos mais no estado de exceção. Tenho certeza que a exceção tem sido a honestidade dos parlamentares que elegemos. Tenho certeza que a exceção tem sido a capacidade de auto-reflexão e auto-correção das instituições basilares da nossa democracia, entre as quais o congresso nacional.
Temos visto a impunidade de parlamentares flagrados em falcatruas, roubalheiras, tráfico de influência, entre outros crimes, serem solenemente dispensados de ressarcir à população aquilo que roubaram. Temos visto um corporativismo burro do congresso que, cada vez mais, apresenta-se à sociedade como uma caixa de ressonância dos seus próprios e escusos interesses e não como representação delegada do povo que o elegeu.
Por isso, basta. Seja diferente de seus pares. Seja ímpar neste momento e honre o mandato que o senhor recebeu. O julgamento justo a que o senhor se reporta não pode ser leniente com aquilo que a documentação farta a que os senhores no conselho de ética têm acesso e que mostram que o fato do senador Renan Calheiros demonstrar ter recursos para pagar não significa que estes recursos são legais e que efetivamente foi ele quem pagou.
Finalmente, chamo sua atenção a um pequeno detalhe deste meu email e me permito um pequeno trocadilho, o que torna “grande” uma casa como o senado não é a letra maiúscula no começo da palavra senador ou senado, nem o sobrenome dos seus integrantes, mas a dimensão do caráter e da ética dos que sentam nas cadeiras onde nós, o povo, lhes demos o direito de sentar.
Honre o seu mandato, faça o seu dever cívico e durma com a consciência tranqüila.
Cordialmente,
Robinson
1 comment:
Já também me peguei escrevendo a um senador e a dois deputados federais, esses ultimos, ambos, daqui do nosso estado, com campanha massiva daqui de João Pessoa, nenhum deles respondeu, nem por assessor.
Eu não sei como esse regime político se sustenta. Não confiamos neles e continuamos a elegê-los. É o mesmo que confiar a universalidade do seu patrimônio a um ladrão.
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