Friday, March 09, 2007

Descobri que sou católico....

Pelo menos no que se refere a alguns pontos de vista éticos. Creio que foi Francis Schaeffer que cunhou a expressão "cobeligerância ética" para explicar a defesa comum de determinados pontos de vista por parte de pessoas que necessariamente não compartilham de mesmas ideologias, cosmovisões, teologias etc.
A Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB) divulgou nota a respeito dos comentários irresponsáveis - ele estava falando de improviso de novo! - que o presidente Lula fêz sobre "o problema do uso dos preservativos" por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
Na nota, os bispos tiram as palavras da minha boca e afirmam:
"Não somos hipócritas. Nem o fomos. Nem o seremos. Somos coerentes. A Igreja não concorda com a forma com que o Sr. Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva abordou, no Rio de Janeiro, o problema do uso de preservativos. O modo de educar nossos jovens e adolescentes não pode ser feito com base da permissivismo, incitando-os a um comportamento desregrado. Precisamos educá-los baseados em bons princípios consistentes. Esta orientação cabe primeiro aos pais. O filho encontra na família a primeira e mais importante fonte de formação desses princípios e valores humanos. Quando os pais atuam assim, não estão sendo hipócritas. E a Igreja defende os direitos originários dos pais".
Se você ler post anterior em que defendo exatamente este ponto de vista verá que, neste aspecto, sou tão católico quanto os bispos brasileiros. Ou o contrário também pode ser verdade.
Alguém pode até argumentar: "E quando os pais não assumem este papel?" Ora, o que se espera do Estado, é que dê suporte aos pais ao cumprir suas funções básicas (segurança, educação, saúde etc.), porque, salvo raras excessões claramente patológicas, nenhum pai quer o mal do filho. Algumas famílias não dão porque não têm para dar e não têm para dar porque não receberam e não receberam porque tiveram que se matar para sobreviver e portanto, num conceito sobejamente explicado por Maslow, não tiveram tempo ou atenção para suprir outras demandas mais superiores na pirâmide das necessidades do ser humano.
Então, o esforço é conjunto, mas os papéis são definidos. Quem cria filhos são os pais ou responsáveis legais. Quem oferece condições e suporte para que isto aconteça num ambiente social minimamente organizado é o Estado. Outras organização como a igreja podem colaborar para formar, informar, orientar, propor direcionamentos e princípios, mediante a adesão de fé de cada um. E quando o Estado provê e os pais negligenciam, então cabe ao Estado assumir a guarda dos filhos para protegê-los.
Porém, quando se trata dessa questão sexual o atual governo quer logo tutelar a ação dos pais e isto por motivos ideológicos por causa de opiniões mais liberais dos atuais detentores do poder quando vão gerir as políticas públicas de natureza social (educação e saúde) do nosso país.
É gente que derrama uma dinheirama para apoiar determinadas causas e hostilizar outras. É uma ideologização terrível de funções sagradas e já estabelecidas a séculos e que sobrepassam partidarismos.
Mas, isto é assunto para outro post.... E eu que já havia prometido não ser tão polemista, hem?

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